Há uma frase que parece ressoar sempre que viajamos pelo nosso país. Uma frase que a todos parece evidente porque a pensamos e que, tantas vezes, por ser demasiado óbvia, nem a dizemos: “Não fazia ideia que tínhamos paisagens destas em Portugal”. Mas há sempre alguém que acaba por dizê-la. E ao ouvir estas palavras ecoarem da boca de quem as pronuncia, há sempre associado um sentimento de orgulho, paixão fantasiosa e da saudade que já se faz antever, por saber que a viagem terminará. 

Seja para que lugar mais magnífico formos aqui em Portugal, este sentimento ocorrer-nos-á sempre que virmos algo diferente do que estamos habituados a ver dentro do nosso pequeno país. A Costa Vicentina é o apogeu deste sentimento.  

As suas dezenas de praias, espalhadas ao longo de 110km, reflectem a beleza da praia anterior, somente para a superar a seguinte. Umas mais à vista do que outras, outras completamente escondidas, quase secretas, um tesouro que sentimos ter descoberto mas que a manteremos preservada para que continue um tesouro para quem vier depois de nós.  

A cor azul da água faz-nos repensar a ideia de paraíso que nos transporta sempre para bem longe do nosso país: para as Caraíbas, o Pacífico, ou as ilhas do Sudoeste Asiático que a tanta gente encanta. É tudo uma questão de conhecer e explorar, algo que nos traz uma riqueza que nenhuma revista de viagens, blogue, livros ou filmes alguma vez poderão trazer. 

A Costa Vicentina, juntamente com o Parque Natural do Sudoeste Alentejano começa em São Torpes, concelho de Sines, e termina na Praia do Burgau, já no Algarve, porém, e quase como um dado adquirido, todos a terminam no imponente Cabo de São Vicente, em Sagres, o ponto mais a sudoeste da Europa Continental. E é precisamente por se encontrar num Parque Natural que a Costa Vicentina encanta como nenhuma outra. Toda a costa parece intocável à mão humana. Os areais mantêm-se selvagens, com a vegetação autóctone das dunas, ruborizadas pelas Catiporáguas ou amareladas pelas Margaridas-das-Dunas. As falésias escarpadas e íngremes invocam a força do mar e do tempo que a natureza impõe.  

A designação de Parque Natural afasta a ideia de povoar a costa alentejana de luxuosos hotéis à beira-mar e quem agradece são os que se aventuram pelo alcatrão ou pelos trilhos desta costa e claro, as inúmeras espécies de animais e plantas que aqui habitam.  

Aqui, a linha azul do horizonte liga-nos aos nossos antepassados, que partiram para o assustador azul do nada para voltarem heróis eternizados. As vilas antigas cujos castelos foram conquistados aos mouros, guardam o encanto de tempos antigos onde lendas e histórias foram criadas. Aqui, temos paisagem a perder de vista, temos pequenas vilas brancas com seus rebordos das janelas pintados de azul a recordar o mar, ou de amarelo a homenagear o trigo seco que galvaniza a terra. O vento acompanha-nos de Sines até Sagres, e serve de apaziguador do calor das terras além do Tejo. 

Seja para quem conheça e volte frequentemente ou para quem nunca aqui tenha estado há sempre boas razões para vir a esta Costa. A comida típica alentejana que aquece o coração e enche o estômago de recordações de um tempo onde a fome marcou a cozinha em Portugal, as praias douradas banhadas por um atlântico paradisíaco, passando pelas vilas e gentes do cante que nos abrem as portas tornam a possível voltar a ouvir que “Não fazia ideia que tínhamos paisagens destas em Portugal”. 

Fiquem atentos que vamos trazer novidades em breve!